O texto que eu quero ler com os irmãos hoje é um texto profético de Isaías, capítulo 58.
É um texto interessante. 1/2 do livro do profeta Isaías, capítulo 40 em diante, não foi escrita pelo próprio profeta Isaías.
São profetas que viviam em Jerusalém, anônimos que traziam mensagens de Deus.
Alguns desses capítulos, entre o 40 e os 66, são oráculos. São profecias que já tem começo, meio e fim, e foram incorporadas ao livro do profeta Isaías.
Aqueles textos encontrados no deserto ao sul de Israel, deserto de Quran, nas cavernas de Kurando, já trazem o livro de Isaías completo do jeito que nós temos. Então, por volta do ano 100 da era cristã, o livro do profeta Isaías já era do jeitinho que nós temos na Bíblia. Então, embora o profeta não seja responsável por todas as profecias, é o mesmo Espírito Santo que trouxe uma palavra à cidade de Jerusalém daqueles dias acerca da vontade de Deus para eles. E muito do que está escrito para Jerusalém daqueles dias também nos é útil.
E como estamos envolvidos nessa campanha de 40 dias de oração e jejum, eu penso ser oportuno nesta noite falarmos sobre um significado mais profundo de um jejum que agrada a Deus.
Jejum é algo que as pessoas sabem sobre abstinência de alimento.
Muitos de nós jejuamos quando temos que fazer exames médicos. O médico determina lá um período e você tem que ficar sem comer.
Alguns de nós, que já sofremos cirurgias e internações, fizemos jejuns compulsórios por questão clínica.
Então, jejuar é abster se de alimentação. Eu pessoalmente não acredito em jejum de café, jejum de coca cola, jejum de chocolate. Isso para mim é outra coisa. Isso não é jejum, isso é o exercício de domínio próprio.
Jejum é ficar sem comer. E os israelitas tinham o hábito, principalmente em Jerusalém. Desenvolveram, depois de alguns episódios na história deles, o hábito de jejuar para tentar atrair o favor de Deus. E é sobre este hábito do jejum que eles praticavam com certa frequência, que Deus lhes envia uma palavra de orientação.
O capítulo 58 do livro do profeta Isaías
Grite alto, não se contenha, levante a voz como trombeta anuncia meu povo, a rebelião dele, a comunidade de Jacó, os seus pecados, pois dia a dia me procuram.
Parecem desejosos de conhecer os meus caminhos como se fossem uma nação que faz o que é direito e que não abandonou os mandamentos do seu Deus.
Pedem me decisões justas e parecem desejosos de que Deus se aproxime deles.
Por que jejuamos, dizem, e não o viste?
Por que nos humilhamos e não reparaste? Contudo, no dia do seu jejum, vocês fazem o que é do agrado de vocês e exploram os seus empregados. Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais. Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto. Será esse o jejum que escolhi? Que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como junco e se deite sobre o pano de saco e cinzas.
É isso que vocês chamam um jejum, um dia aceitável ao Senhor. O jejum que desejo não é este? soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo o jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou e não recusar ajuda ao próximo. Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada e prontamente surgirá a sua cura. A sua retidão irá adiante de você e a glória de Iavé o Senhor estará na sua retaguarda. Aí sim, você clamará a Yavé e ele responderá Você gritará por socorro. E ele dirá Aqui estou. Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar, se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas e a sua noite será como o meio dia. E a fé o guiará constantemente. Satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam. Seu povo reconstruirá as velhas ruínas e restaurará os alicerces antigos. Você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias. Se você vigiar seus pés para não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiserem, meu santo dia, se você chamar delícia, o sábado é honroso.
O santo dia de Javé é honrá lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades. Então você terá em ver a sua alegria. E eu farei com que você cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com herança de Jacó, seu pai. É Iavé, o Senhor quem fala. Amém.
A palavra do profeta possivelmente não deve ter sido muito bem recebida. Quem sabe esse não foi um daqueles profetas que Jerusalém matou quando Jesus esteve entre eles? Jesus disse a Jerusalém Você que mata os profetas que te são enviados. Profetas como este, porque a gente não sabe o nome, mas o oráculo.
A mensagem dele está aqui no livro do profeta Isaías, para que a gente leia e para que a gente pense. Vamos jejuar. Os batistas nacionais estarão jejuando. Os batistas brasileiros, os batistas da América Latina estão também envolvidos no movimento de oração.
Tem muita gente orando e jejuando em nosso país, dadas as circunstâncias políticas que estamos vivendo, qual é o jejum que agrada a Deus?
Ficarmos sem comer, nos abstermos de alimentos, é isso que é importante para Deus, que aflijamos os nossos corpos, que deixemos o nosso estômago vazio e fiquemos assim, sofrendo pelo desejo de que passem as horas para que a gente logo possa jantar? Porque para alguns o jejum é uma espécie de sofrimento.
Eu vou ver se o corpo sofre para ver se o espírito fica mais forte.
Eu vou deixar a minha carne fraca para o meu espírito ficar mais forte. Esse é o pensamento de muita gente em relação ao jejum. Mas na Bíblia, o jejum tem a ver com tristeza, com o coração compungido.
No dia do luto, quando alguém perde um parente muito próximo. Os parentes ficam dizendo: Coma alguma coisa. O que é a pessoa que está de luto fala? Eu não consigo.
No dia que você perde o pai, que você perde a mãe, que você perde um irmão, que você perde um filho, que você perde alguém muito querido, você não consegue comer. A tristeza te impede de comer. Quem já passou por uma situação como essa? Eu sei que talvez alguns digam, Pastor, meu estômago, meu estômago não entra de luto, mas isso é uma exceção. O normal é nós não termos apetite. Quando a tristeza é profunda. É o jejum, portanto. Em geral, ele é fruto e decorrente de uma tristeza profunda pelo pecado, de uma tristeza profunda pela ofensa a Deus.
Os ninivitas jejuaram quando Jonas apresentou a ameaça de destruição. Outras pessoas, como o rei Davi, por exemplo, jejuou quando soube que Deus havia designado a morte da criança, fruto do seu adultério. Ele jejuou até que a criança morreu. Depois que a criança morre, ele vai comer. Ele faz o contrário do que eu acabei de dizer.
E as pessoas falam, Davi, todo mundo jejua depois. E ele falou Não, eu jejuei para tentar convencer a Deus, mas agora ele morreu. Eu vou comer. Já estou jejuando há vários dias, e ele não virá a mim. Eu irei a ele. Então Davi come depois que o seu jejum não alcança o resultado que ele intentava. Então, muitas vezes as pessoas jejuam por barganha com Deus. Jejua para tentar convencer a Deus de atender o seu pedido. Mas, em geral, na Bíblia, o jejum é decorrência de alguém que percebe o seu pecado, que percebe a sua ofensa e arrependido, compungido, contristado, quebrantado. Ele não tem condição sequer de comer.
O que ele necessita mesmo é do perdão de Deus. E essa profecia de Isaías 58 tem a ver com isso um povo que jejuava, mas sem arrependimento.
A ordem ao profeta é para que ele fale alto, para que ele torne público a ameaça que Deus traz ou a orientação que Deus traz à comunidade de Israel e direcionada à cidade de Jerusalém, aos filhos de Jacó. E ele diz assim: Vocês parecem desejosos de conhecer os meus caminhos como se fosse uma nação que não abandonou os mandamentos de Deus. Vocês parecem que querem conhecer a minha vontade, como se não fossem vocês mesmos um povo que há muito tempo já não observa, já não pratica os meus mandamentos. Ou seja, vocês jejuam, mas não são obedientes.
Vocês jejuam, mas o coração de vocês não está em mim. Uma outra palavra também registrada no livro do profeta Isaías é esse povo me louva com os lábios, mas o coração está longe de mim. Então, esse tipo de jejum, que não representa uma conversão genuína, não move o coração de Deus. Vocês me pedem decisões justas e parecem desejosos de que Deus se aproxime. Mas eles mesmos percebem que o jejum não está dando resultado. Então eles questionam a Deus Nós estamos jejuando. Por que o Senhor não percebe? Nós estamos jejuando e o Senhor não vê. Nós estamos jejuando e o senhor não, não se relaciona conosco?
Mas é porque o jejum que eles ofereciam a Deus não tinha nada a ver com aquilo que Deus queria deles.
Nós vamos agora orar e jejuar.
Mas como devemos orar e por quê? Devemos ajudar. Quais são as nossas causas? Aqui o profeta denuncia que a oração e o jejum deles era voltado para questões pessoais. Vocês jejuam por causa das coisas de vocês, por causa dos interesses de vocês. E o jejum de vocês termina em discussão e briga. Então a primeira coisa que nós deveríamos chegar é um acordo.
Em que termos será o nosso jejum?
Quais os termos da nossa oração?
Quais os termos da nossa petição?
Vamos orar pelo nosso país?
Como orar?
Abençoa, Senhor, o Brasil.
Abençoa, Senhor os nossos governantes.
Abençoa os três poderes da República.
Abençoa o governo do Distrito Federal. O lugar que moramos. Será que nos é lícito pedir que Deus os abençoe? E será que essa oração que nós devemos fazer?
Pedir que Deus os abençoe para continuarem fazendo o que estão fazendo? Ou será que a nossa oração talvez deva ser outra? Quem sabe a nossa oração não deva ser àqueles pedindo que eles se arrependam dos seus pecados?
Nós temos que aprender que o nosso Deus é o Deus da misericórdia e também é o Deus do juízo.
Nós sempre oramos pedindo que venha misericórdia. Mas nós também oramos pedindo que venha o Reino de Deus. E o Reino de Deus tem a ver com justiça.
Como orar pelo nosso país?
Como a Igreja deve se posicionar?